domingo, fevereiro 24, 2002

“Apenas o livres possuem disposição para serem confiáveis, apenas os confiáveis possuem o interesse para serem justos, apenas os justos possuem a força de vontade para serem livres”.
-W.H. Auden, “In time of war: Conmentary”

“De vez em quando a gente precisa sacudir a árvore das amizades para caírem as podres”.
-Mário da Silva Brito

“Meu coração tombou na vida tal qual uma estrela ferida pela flecha de um caçador”
-Cecília Meilleres

“O beijo é um truque adorável que a natureza criou para interromper a conversa quando as palavras se tornam supérfluas”.
-Ingrid Bergman

Amar

Que pode uma criatura senão, entre criaturas amar?
Amar é esquecer, amar é malamar, amar, desamar, amar? Sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar? Amar o que o mar traz a praia, o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenimente as palmas do deserto, o que entrega ou adoração expectante, e amor o inóspito, o áspero, um vaso sem flor, um chão vazio, e o peito inente, e sua vista em sonho, e ave de rapina.

Este é o nosso destino: o amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água. Implícita, o beijo tácido, e a sede infinita.

-Carlos Drumod de Andrade

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