sábado, dezembro 25, 2010






Esse ano o natal apesar de está com a família, foi sem cara de natal. A gente sempre idealiza as datas comemorativas, mas o tempo passa e tudo muda. Acho que só vou sentir aquela sensação quando tiver minha própria família. Parece que o natal só tem graça se estamos reunidos com um ideal comum. Bem, desejo a todos em natal cheio de amor e paz!!! E por falar em expectativas para festa do reveillon, estou sem nenhuma. Melhor assim... Mas não significa que não tenha planos para 2011, estou cheia deles. Mas não como antes, entendi que para encontrar algo não devemos ficar parados esperando que surja algo, temos que nos mexer, mesmo que para uma direção que não sabemos onde vai dar. Sabe, quando comecei minha busca pelo meu "Velo de Ouro" não imaginei que as sereias fosse me impedir literalmente. Agora entendo o que elas significam... Elas significam a ilusão de se está rumando para algum lugar ou prazer de ter encontrado algo confortável, a acomodação. As vezes é tão mais fácil esperar que percorrer uma estrada desconhecida. Entendo que tenho que prestar atenção no que estou fazendo para não cair nessa armadilha novamente. Feliz 2011!!!

terça-feira, dezembro 07, 2010

Carta ao Papai Noel

Prezado Papai Noel,
Quero falar logo dos presentes que você deixou na minha árvore, dia de natal. Eu tinha pedido uma bicicleta, um trêm elétrico, um video game e um par de patins...O ano todo me matei de estudar, levei maça pra professora, so tirei 10 no colégio, fui a missa todo domingo, não falei nome feio, me comportei bem com meus pais, não briguei com meu irmão, pedi até a bençao do titio Airton, que insulta comigo me chamando de um apelido que eu não gosto. Ah sim, ia me esquecendo, reparti meu sanduiche com um menino pobre, ajudei velhinhos a atravessar a rua, dormi cedo, comi verdura e nem botei o gato la de casa no microondas.
Mesmo assim, você botou debaixo da minha árvore de natal a porcaria de um pião, a merda de uma corneta e uma bosta de um par de tênis mixuruca. Seu barrigudo miserável, não deu nadinha do que eu pedi e pro filho da vizinha, malcriado, imoral e desobediente, deu tudo o que ele queria. Tomara que aconteça um terremoto bem grande, porque com um Papai Noel incompetente que nem você, é melhor que o mundo se acabe pra você ficar desempregado e não sair por aí, enganando menininhos como eu que escrevem e ficam esperando feito besta. Mas não deixe de vir por aqui ano que vem. Pois vou arrebentar e tacar pedra nas suas Renas com a baladeira que meu tio Airton me deu. E ai, quero e ver você, com essa barrigona de lama, andando a pé, com um saco nas costas, pulando de telhado em telhado e o pessoal ligando pra policia pensando que é um ladrao. Espero que vc se lasque, que seu trenó capote no meio da neve e você fique esperniando, de bunda pra cima feito tartaruga ninja. No próximo Natal, você vai me pagar o novo e o velho, vai saber o que é um garoto mal educado, doido pra se vingar.


Atenciosamente, Airtinho.

cronica do livro Moça com flor na boca do Airton Monte

segunda-feira, dezembro 06, 2010



Compras de Natal

Cecília Meireles


A cidade deseja ser diferente, escapar às suas fatalidades. Enche-se de brilhos e cores; sinos que não tocam, balões que não sobem, anjos e santos que não se movem, estrelas que jamais estiveram no céu.

As lojas querem ser diferentes, fugir à realidade do ano inteiro: enfeitam-se com fitas e flores, neve de algodão de vidro, fios de ouro e prata, cetins, luzes, todas as coisas que possam representar beleza e excelência.

Tudo isso para celebrar um Meninozinho envolto em pobres panos, deitado numas palhas, há cerca de dois mil anos, num abrigo de animais, em Belém.

Todos vamos comprar presentes para os amigos e parentes, grandes e pequenos, e gastaremos, nessa dedicação sublime, até o último centavo, o que hoje em dia quer dizer a última nota de cem cruzeiros, pois, na loucura do regozijo unânime, nem um prendedor de roupa na corda pode custar menos do que isso.

Grandes e pequenos, parentes e amigos são todos de gosto bizarro e extremamente suscetíveis. Também eles conhecem todas as lojas e seus preços — e, nestes dias, a arte de comprar se reveste de exigências particularmente difíceis. Não poderemos adquirir a primeira coisa que se ofereça à nossa vista: seria uma vulgaridade. Teremos de descobrir o imprevisto, o incognoscível, o transcendente. Não devemos também oferecer nada de essencialmente necessário ou útil, pois a graça destes presentes parece consistir na sua desnecessidade e inutilidade. Ninguém oferecerá, por exemplo, um quilo (ou mesmo um saco) de arroz ou feijão para a insidiosa fome que se alastra por estes nossos campos de batalha; ninguém ousará comprar uma boa caixa de sabonetes desodorantes para o suor da testa com que — especialmente neste verão — teremos de conquistar o pão de cada dia. Não: presente é presente, isto é, um objeto extremamente raro e caro, que não sirva a bem dizer para coisa alguma.

Por isso é que os lojistas, num louvável esforço de imaginação, organizam suas sugestões para os compradores, valendo-se de recursos que são a própria imagem da ilusão. Numa grande caixa de plástico transparente (que não serve para nada), repleta de fitas de papel celofane (que para nada servem), coloca-se um sabonete em forma de flor (que nem se possa guardar como flor nem usar como sabonete), e cobra-se pelo adorável conjunto o preço de uma cesta de rosas. Todos ficamos extremamente felizes!

São as cestinhas forradas de seda, as caixas transparentes os estojos, os papéis de embrulho com desenhos inesperados, os barbantes, atilhos, fitas, o que na verdade oferecemos aos parentes e amigos. Pagamos por essa graça delicada da ilusão. E logo tudo se esvai, por entre sorrisos e alegrias. Durável — apenas o Meninozinho nas suas palhas, a olhar para este mundo.


Texto extraído do livro "Quatro Vozes", Editora Record - Rio de Janeiro, 1998, pág. 80.

MAS ELA É UM GÊNIO!!!